Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2010

Reflexões

Dear Emma, fazendo uma reflexão sobre tudo em minha vida, fiquei assim, perdida no tempo, no espaço, em minha própria mente, brincando de cão e gato com meus sentimentos e minhas razões. Fiquei presa por demais em partes mínimas da vida como a sociedade e o que eu deveria mudar para me encaixar, mas isso me matou mais do que quando eu era apenas a excêntrica sem conserto. Entrei em coma. Mas as coisas não funcionam assim, de modo algum. Para que sejamos felizes não precisamos achar alguém para ficar do nosso lado, podemos amar ou admirar o que quisermos, mas isso não necessariamente implica em relacionamentos; podemos querer muito um livro ou um cd ou até mesmo aquela roupa maravilhosa da vitrine, mas isso não significa que precisamos disso; podemos gostar de fazer várias coisas, mas nem sempre poderemos fazê-las. O que nos faz ficar bem é algo superior a isso, é saber utilizar nossa cultura, nossa tradição e modelá-las a nosso bem uso. Aprendi isso com um filme e concordei instantanea

A casa

Uma fase cansada, pesada. É como devia ser, mas não no interior. As traças corroiam as paredes, cortinas, móveis, a sala por completo mofada. Quanto tempo fazia que não voltava ali? Sua antiga casa, seu antigo esconderijo pedindo socorro prestes a roir... Não havia nada que se pudesse fazer a não ser salvar o que podia ser salvo, expulsar as traças, tirar o mofo. Mas nunca voltaria a ser como era. A visão da sala doía o peito, o quarto então, nem queria entrar. A dor seria grande demais. Quem sabe amanhã ou depois? Mas e se tudo ficasse destruído pelos agentes do tempo? Teria que entrar. Respirou fundo e subiu as escadas com medo de morrer antes mesmo de pisar o último degrau de escada. Paula Cristina.

O loiro sentado a sua frente na mesa de lanchonete

"Paixão atrai paixão e te penetra quando você dá espaço. Pense em uma atividade que te faz feliz... então esqueça do amor e vá fazê-la. Quando você se apaixona pela vida, a vida te manda um amor!" O que mais gosta de fazer: cantar, dançar, escrever, ler e se declarar culpada, amante, amiga, surtada. É se pôr no mundo que a faz feliz. Foi aí que começou a divagar em como tem amigos preciosos! Um em particular a fez sentar aquele dia e passar horas lembrando, apenas lembrando e isso a fez sorrir. BRASIL - 2004 Não, eu não quero ir! - disse ela em desespero. - Ele espera que eu faça alguma coisa, o beije ou coisa parecida e eu definitivamente não farei isso! - olhou de cara feia para a amiga, não acreditava no que estava acontecendo. Não vai ser tão mal assim - disse a amiga - eu vou estar lá, vou levar um amigo, caso aconteça de eu ficar de vela.... Você não vai ficar de vela. - disse ela realmente exasperada agora. Mas mal acabara a frase a camapinha tocou - Não tem mais volta

A sombra e a medalinha

A face mais escura presa dentro do espelho esperando ser solta com um leve toque. Não aguentava mais tudo aquilo. Necessitava sair, se entorpecer, se beliscar, mentir. A cabeça latejando com as ridículas tentativas do mundo de ser igual. Quando é que vão se tocar de que não existe igual? Lê um livro, assiste um filme, anda para lá e para cá dentro de casa. Tenta vomitar só para ter o prazer de sentir a garganta arder por um breve momento logo após o vômito sair. Não consegue. Não tem nada para vomitar. Raspa as unhas no peito, senti-las arranhando. Fecha os olhos, acalma a mente. Que saudade da meditação. Infelizmente ela não tem tido efeito ultimamente. Tem novidades inesperadas e por incrível que pareça não sente nada. Pensava que sentiria um ciúme crucidante correndo pelas veias, mas percebe que não faz diferença alguma e mais uma vez constata que nunca se apaixonou e acha graça disso. Não se assusta como tantas outras vezes de ter que ficar sozinha. A dor que sente vai passando, as

Crise do dia

De repente tudo saiu de foco e ser Alice era tudo que se queria por um momento. Se não tivesse jeito poderia ser Pollyana ou Luna ou uma outra qualquer, mas ser naquele momento si mesma não estava adiantando muito. Irritou-se ao ver pessoas conformadas olhando-a como se fosse outro dia mais, um dia sem nada fora do comum. Aquilo não era ela. Costumava sentar no meio fio e passar horas e horas lendo, gostava de ficar a vaguear por aí como um cachorrinho sem dono se esbaldando com açaí ou picolé de limão. Chegava a cojitar a idéia de fugir de casa, se tornar viajante e trabalhar o necessário para comer e ter um agasalho na mão quando precisasse. Nunca o fez, pois como já dizia Kafka: é mais fácil ir por caminhos que não se quer, assim não existe frustração de não se ter chegado longe. A questão é que de tanto se sentir presa passou a desenvolver hábitos desagradáveis para poder fugir da dor aflingida por si mesma. Tal qual dizia um poema: que eu não me desvie do caminho e se, por acaso o

O preço do orgulho

O moço da mácara a encarou por trás das cortinas chamiscadas de inverno. Ela não sabia o que era dela e o que era dele. Esqueceu-se de si por um segundo, tempo suficiente para enlouquecer o pouco que restava de sua sanidade. O que fazer a partir dali só ela sabia e, na verdade, não fazia idéia. As cartas escritas no passado a deixavam segura: nunca as mandaria, mas tiraria o peso de anos empurrando seus ombros para baixo, amordaçando o ânimo que deveria ter e já não tinha. O tempo presente era vivido como um casual outrora. Ele não percebia as máscaras que ela, também, carregava consigo. Traiçoeira por si só, jamais deixava transparecer sua dor porque a dele devia ser mais dolorosa que a sua, mesmo que na aparência. Como se passassem os anos, cansada daquela máscara foi para seu quarto, tirou-a e deixou-a junto a tantas outras tiradas do bolso e repostas quando saísse. Deitou a cabeça no travesseiro e dormiu. Ele entrou no quarto e se apaixonou pelo rosto seu sem cor, pálido e frio, se

Dias de paz

O ar vagamente saía pelos pulmões como se fosse explodir. Não queria ficar ali, mas ficou. Sempre fica. Os dias passaram e a falta de ar misturada com o excesso deste querendo estourar os pulmões na tentativa de sair foi passando. As leituras voltaram a seu pique mais remotamente obsessivo, os treinos de dança encheram as tardes e as enfeitou de delícias gasosas e cerveja amanteigada. Tudo voltou a calmaria rotineira e tão amada. Os olhos brilhavam de excitação a medida que as horas passavam. Não vê a hora de sair pelo mundo, desbravando. Não que serão dias ensolarados, na maior parte nublados, mas não faz mal: serão seus, só seus. Seus sonhos, seus dias, suas escolhas. Ficou ali, na livraria da esquina, tentando se decidir qual livro levar. Acaba por levar os dois. Maravilhosamente intrigantes e chamativos para ficarem esperando em uma prateleira por um próximo cliente interessado. Coloca-os na cabeceira. Lê um, lê outro, lê um, lê outro. Até que as forças se esgotam, as páginas do li