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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Sinto sua falta

Doeu como dói uma punhalada o sorriso cínico a mim dirigido. Doeu como dói uma machadada o seu olhar frio, úmido. Doeu como dói uma martelada a indiferença sua para comigo. Doeu e ainda dói muito, mas você não saberá, porque não sabe o que se passa (apesar de achar que sim). Você espera coisas que não posso dar e então, a flor que eu te dei você deixa cair e não a pega de novo e o lírio fica caído e seca com o sol duro a sufocar. Sua vingança é cruel. Pena que eu nunca quis te magoar, pena que você não vê isso. Você virou as costas para mim e tudo que posso fazer é ver você partir. Você não sabe, você não vê, mas estou bem atrás torcendo para que um dia você pense em retornar o caminho ou até mesmo, apenas olhar para trás e então verá que, ao invés do que você pensava, eu nunca virei as costas, estava apenas brincando de rodar com os braços abertos só para ver se um pouco do mundo entrava pelos meus pulmões e me deixasse sorrir por um segundo que fosse. Paula Cristina.

Feliz 2011

Tinha me decidido a não fazer nenhum texto sobre o ano novo, tinha me decidido a deixar esse 2010 no passado, sem texto, sem lembranças. (In)felizmente me deparei com um dos textos mais pessoal e lindo e sincero que eu já tinha visto. Os textos de ano novo são tão clichês com os mesmos "que esse ano que vem seja melhor que o anterior" ou coisas do tipo e eu não queria algo clichê, porque o clichê remete ao passado e eu não queria relacionar um ano novo com um ano passado, com o passado. Mas este tinha um "que" a mais, uma inovação tentadora, um sorriso escondido, um metrô com explosivos, uma esperança escondida nas cicatrizes do mundo. E então de súbito eu me perguntei: "porque não um texto meu, sem esperança, sem medo, apenas um texto falando de uma mudança, de uma caminhada que muda a cada vírgula introduzida?" O passado sempre faz parte e eu não posso mudá-lo ou me esconder, lembranças são essenciais e no fundo eu sempre soube disso. Esse ano que passou

Saber sentir-se

Assim como Clarice Lispector lutava por sentir-se gente, cada um tem uma luta por sentir-se algo. Não sou diferente. Quereria eu sentir-me... A necessidade do sentir leva o ser humano ao ápice de ser, de viver. Sentir-se está entra as coisas mais sublimes e mais difíceis. Me admiraria conhecer alguém que sinta-se por completo. Teria essa pessoa como mestre espiritual de alto escalão e procuraria aproveitar ao máximo tudo que me dissesse, pois este é um dos maiores mistérios para os homens: saber sentir-se. Paula Cristina.

Feliz Natal, Merry Christmas, Frohe Weihnachten, Joyeux Noël, God jul, Mutlu Noeller

O tempo lindo, a brisa leve, a chuva querendo cair, a comida assando, as músicas tocando, os sorrisos estampados, a paz (mesmo quando os dias passaram ardidos, pesados, doloridos, difíceis). O natal por si só tem a paz esculpida. Até o dia (talvez) não se sente nada, mas o dia chega e tudo parece leve e tranquilo de novo. A casa ao longe lembrando tempos perdidos de hobbits e elfos, a casa ao lado lembra o natal brasileiro, a outra lembra o natal americano e a outra, o natal alemão. Todos em seu próprio estilo entram na séria brincadeira de deixar o natal entrar em suas casas e tocar seus corações. O vinho esperando ser aberto, o champagne esperando ser aberto, o whisky e a cerveja esperando serem deliciados, a leitoa, o peru, o chester, as saladas, o arroz de forno, todos esperando para serem provados. A festa começa, as pessoas conversam, riem, rezam, dançam, bebem, comem. Tudo é uma festa. O dia é uma festa. Que dia, que dia! Feliz Natal! Paula Cristina.

Jantar entre amigos.

Todos sentados à mesa, as velas postas delicadamente nas extremidades do centro, de modo a iluminar toda a sala. Os sorrisos lindos, meigos, carentes de afeto e de ternura. As vozes se alternavam pouco a pouco, de acordo com a conversa, de acordo com o interesse. A tarde foi linda. A noite foi perfeita. Todos divertiram-se. Paula Cristina.

Lembrança embaçada

Cinco anos esperando aquele ano chegar para que pudesse cantar aquela música tão ouvida por tanto tempo, para no final das contas se esquecer da música, da letra, da sensação. A noite gélida entrou pelo quarto aquecendo seu coração e a música começou a tocar por mero acaso... mas já não era a mesma, o torpor, a emoção já não eram dela. Aquela música já não era deles, era de alguém mais, de alguém desconhecido. Ele já não existia, não fazia diferença... ele já não era amor, apenas lembrança embaçada de um coração partido. Paula Cristina.

A satisfação

Silêncio. Desejo. Tentação. A boca suavemente percorreu suavemente cada parte do corpo, cada pedaço de carne exposta. O cheiro. O desejo. O silêncio. A tentação. A mão deslizando sobre a seda crua, procurando, apalpando, segurando tudo que era de direito seu. A respiração. O cheiro. O desejo. O silêncio. A tentação. O sussurro pausado guiando os momentos mais íntimos, sensuais, perversos. O gemido. A respiração. O desejo. O silêncio. A tentação. Os olhares se encontram para arderem no beijo louco, promíscuo, pedinte. A língua. O gemido. A respiração. O desejo. O silêncio. A tentação. A maçã caída no carpete, o champange pela metade na mesa de centro, a música sensual, a noite estrelada, a brisa noturna adentrando a parte do vestido que ela ainda tem em seu corpo, o corpo dele por cima, conhecendo cada parte do corpo dela. A sensualidade. A língua. O gemido. A respiração. O desejo. O silêncio. A tentação. As unhas arranhando as costas dele, os movimentos contínuos, passivos. O orgasmo.

Esquecer

As moedas pesavam em seu bolso, mas insistiu no caminhar calmo e desestimulante. Os olhos eram todos nela, a mente insistia em esquecer tudo que se passara algumas poucas horas atrás. Doía pensar na infidelidade que a acometera como uma dor de dente quando apossa da boca cariada. As lágrimas insistiam em cair, os nós dos dedos ensanguentados de raiva, dor, insanidade. Gritou tanto que os músculos da garganta pareciam ter saído do lugar e começar uma luta pessoal contra as paredes que as prendiam àquele corpo. Jogou o cigarro no ralo, não servia de muito naquele momento. Ao invés, pegou a belladonna e passou nos olhos quantidade suficiente para ficar cega por algum momento indefinido e esquecer do que viu, do que sentiu de toda a dor que causava dores musculares além da conta. Tomou um comprimido para a dor que a pertubava e entrou em transe para esquecer de si, do mundo, dele. Esquecer. Esquecer. Esquecer. Paula Cristina.