Ela acorda com uma dor de cabeça de fazer perder o chão. O ar entra pelo pulmão rasgando e sai queimando. O telefone não toca. Faz o café, veste uma roupa, senta na varanda para aproveitar o resto da noite. O chá já não faz efeito e por isso, a meditação se torna a aliada principal. Os olhos transparecem um vulto triste, sem vida. O peito arfa pesadamente. Os vizinhos não a conhecem e mesmo que conhecessem, duvida que gostaria da companhia deles. Fecha os olhos, ouve o silêncio, o barulho mínimo do silêncio. Finalmente sente os pulmões cheio de ar e isso a acalma. Ela deita a cabeça sobre os joelhos e fica ali, passiva. A dor de cabeça passa, a calma fica e ela não se atreve mover um músculo sequer. Se sair daquela posição pode perder a magia de ficar ali, ouvindo o silêncio, abraçando o ar. A verdade é que queria alguém para suprir a falta, mas não quer qualquer um, quer ele. Ele não está, ele nunca está. Já não faz tanta diferença, ela não precisa dele para ser. É nessa hora que ela sabe que em algum momento vai ficar com alguém, só por uma noite, para suprir as necessidades que ele não dá, que ele não quer dar. E o coração acalma, ela sabe quem ela é, o que ela quer e como ela quer. Não faz diferença, ela vai deitar sozinha, acordar sozinha, amar sozinha e esperar por um desfecho diferente. Por um desfecho que ela espera a muito tempo. Se ele ao menos entendesse que não existe ninguém mais, nunca existiu.
Paula Cristina.
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