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Ano Novo Pessoal: uma associação livre

Dizem que temos dois anos novos. O ano novo para todos, a virada de ano global e a virada de ano do próprio aniversário. No meu caso, meu ano novo pessoal é hoje. Dia 17 de janeiro. E a primeira coisa que decidi fazer é escrever.
Escrever porque faz parte de mim. Olhar pra mim, entrar em contato comigo implica em uma escrita posterior. Não sei explicar o porque, só sei dizer que é assim. Eu sou levada a escrever assim como sou levada a ler, a ouvir música, a assistir um filme, a olhar uma obra de arte. Foi assim desde sempre e só não é quando está muito difícil de lidar. Escrever é como dançar e cantar, passa pelo reconhecimento, depois tem que passar pelo corpo, pela boca, pelas mãos. É um processo complexo e simples ao mesmo tempo. 
Contraditório, sim. Mas somos contraditórios por natureza. Não é sem razão que Freud traz as pulsões à tona. Somos sujeitos contraditórios lá no fundo. Evitamos trazer isso à tona para não incomodar a razão.
Contradição. Com tradição. Com tradução. Conotação. Somos feitos de contexto, de linguagem, de cultura. Precisamos do outro pra viver, mesmo que nos adoeçamos pelo contato com o outro. Vivemos em comunidade e o nosso maior desafio é conviver. Viver com o outro em vez de para o outro. Esse é o maior desafio. Olhar para o outro desejando isso ou aquilo, mas deixá-lo ser.
Esse é o meu desafio esse ano novo que se inicia, viver para mim com o outro e permitir que o outro viva para ele comigo. Esse é o maior desafio e ele se estende em todas as direções. Com a família, os amigos, os relacionamentos amorosos. Se estou pronta? Não. Mas a verdade é que ninguém está pronto até que aconteça. Que meus caminhos neste 2018, ano de escorpião sejam cheios de amor. Que a minha gratidão se estenda a todos aqueles que cruzarem meu caminho. Que o ano da Fênix me traga sua renovação e humildade. Que eu me conduza da melhor forma. May the force be with me always. Namastê.
Paula Arrais

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