segunda-feira, 20 de maio de 2024
Eu posto porque sou artista
Lembro como se fosse ontem meus primeiros contatos com os espaços online. A internet surgiu como uma forma de armazenamento de dados e informações sem que ocorresse o risco destes dados se perderem. Uma grande biblioteca virtual. Enquanto adolescente, encontrei nestes espaços um lugar para expressão, um lugar de arte e, ainda hoje, esses são os dois motivos para eu utilizar a internet: repositorório de informações e de arte. Mas por algum motivo, a internet passou a ser um lugar de marketing, principalmente nos ultimos anos, o que me fez afastar um pouco das postagens que eu tanto gostava de fazer.
Sim, eu gosto de tirar fotos, escrever e fazer postagens. Faço isso desde muito nova, quando ainda era brega fazer isso. Quando era possível escutar pessoas dizendo "você tem um blog? Não conte isso pra ninguém, isso é vergonhoso". Aos poucos, as redes sociais passaram a se tornar interessantes aos olhos da comunidade e, de repente me vi fugindo de postagens pensando "nossa, podia postar isso. Ah, quer saber, nem vou, vai parecer autopromoção e a mensagem vai se perder". Comecei a me perguntar o que aconteceu comigo, com aquela pessoa que gostava tanto de postar, de escolher a imagens, escrever, montar arte. O que havia mudado nos últimos anos? E me bateu forte a resposta: não quero ser um produto na vitrine.
Eu escrevo para construir pontes, dar abraços, deixar bilhetes e cartas por debaixo da porta. Eu fotografo para pegar a luz, o contorno pontual e ser levada para aquela cena novamente quando sentir necessidade. Eu posto porque precisa sair de mim, preciso comunicar toda a vida contida em meu imaginário, fazendo com que símbolos, sons e palavras atravessem o público que ali estiver.
O mesmo aconteceu com a música, com o canto. Eu canto para fazer minha voz ser escutada. Canto para soar as palavras que se inscrevem em mim, me escrevem e me fazem a artista que sou. Cantarolo sons que são tão profundos que uma palavra não conseguiria dar conta de todo o simbólico que o momento carrega. Eu danço para que aquilo que não pode ser dito em palavras, que não pode ser cantarolado, mas que está inscrito em meu corpo seja expresso por movimentos.
A arte está inscrita em mim e, como toda arte, precisa ser levada à publico, precisa de um lugar para urrar em sons, movimentos e palavras sua verdade única e penetrável por meio de sensibilidade estética. Então, eu sigo, junto à maré social, buscando trazer conteúdo porque a comunicaçao digital faz parte da minha forma de expressão e de quem eu sou desde muito antes de ser algo necessário no mercado. Abraço as inseguranças e desconfortos que uma rede social com interesses mercadológicos pode causar e permito-me estar em evidência para aqueles que forem atraídos até mim.
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