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O estranho

E os olhos, os olhos.... é tudo que sei dizer daquilo que não foi dito. Fiquem cegos, por favor e me deixem dormir. A noite cala abertamente e tudo que se sabe são as horas incertas de momentos perdidos e os surtos constantes de quem vive à procura de um centro. Qual a linha de reciocínio que se deve tomar? Qual o caminho a seguir? Tudo tão incerto, tão fora do destino. Não faz mal, destino é para os fracos de espírito que não sabem fazer de suas atitudes momentos perdidos. Seja bem vindo, o jardim é logo ali atrás. Não, não quero que entres, mas sinto que não tenho escolha. A piscina vazia, o copo na mão. Quem é você, estranho que não me deixa dormir? Que não me deixa passar e simplesmente ouvir a música que não vou lembrar ter escutado? Quem é você para entrar na minha casa e sujar minhas cortinas? Vá embora, não te quero aqui. A porta bate e eu vou dormir. Boa noite.
Paula Cristina

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