E você não estava quando eu chorei. Chorei de raiva, chorei de amor, chorei de dor de perder. Quando você saiu pela porta da frente fiquei com medo de não mais te ver, mas você voltou e o meu amor chorou. Chorou de alegria, de alívio, de paz enfim alcançada. E o tempo mal curou a saudade e você saiu porta afora, desbravando o mundo. O jardim ficou vazio, o banquinho de madeira pedindo aconchego. Volta logo para as flores abrirem, volta logo pro meu aconchego.
A noite escura, os passos largos, o banco da praça escondido pelas sombras, a cerveja numa mão, o cigarro na outra. Soltou o cabelo, a medalinha na mão. Riu de si e de seus meros surtos, aqueles tão antigos que nem se lembra quando foi a última vez que os deixou se apoderarem. Fechou os olhos e recitou, utilizando toda a energia restante, aquele poema tão antigo quanto sempre soubera. Enquanto recitava bebericava da garrafa de cerveja, sentindo o líquido escorrer pela garganta, leve, solto, ondulante. Cansou do cigarro, mas deixou-o ali, queimando, apenas para sentir o cheiro da fumaça dançando sobre seu corpo. Lembrou daquela canção que cantava quando estava feliz, riu-se. Onde já se viu: triste, lembrar de momentos felizes. Não fazia um pingo de sentido, mas mais uma vez, nunca fez sentido, nem mesmo para si. Assistiu a morte chegando devagar e impossibilitando um gato na rua. Não moveu um músculo, não se importava, pelo menos não hoje. Fuzilou a noite com um olhar avassalador. Quem
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