quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Clichê

Como não acreditar em clichês, quando eu sou fruto dele?

Filha do amor, isso é tudo que eu posso me tornar. Não adianta tentar esconder ou fugir da verdade nefasta que sou. Quanto mais fujo do amor, mais eu me perco de mim mesma.

É curioso como algumas pessoas entendem o amor como algo sério, duro e difícil. E talvez seja se você busca esse amor como uma forma de garantia de sua felicidade. A questão é que o amor não é garantia de felicidade. O amor é um ato que nasce do servir. Mas não o servir capitalista de fazer algo para receber em troca. Este ato de servir deve ser puro, sem segundas intenções. Você intui a importância de uma ação e age servindo, entregando seu melhor, porque é necessário.

Muitas vezes o amor é confundido com sentimento, porque junto da intuição e da ação vem uma paz e uma alegria, que misturadas, trazem um sentimento inexplicável que para cada pessoa terá uma cor, um cheiro, uma sensação e uma lembrança diferentes, que combinados trazem emoções e sentimentos à tona.

O grande desafio é enfrentar as barreiras do narcisismo para intuir as necessidades do outro e agir sem ferir as nossas próprias necessidades. Saber amar é uma arte, exige olhar para dentro e para fora ao mesmo tempo. Exige silêncio, prática, escuta, entrega, intuição, criatividade, voz. Exige tudo que a sociedade costuma rejeitar. Exige tudo que o olhar para si mesmo requer.

Essa é a beleza e a sutileza do amor. O desafio constante e ininterrupto de ações práticas de compaixão e respeito. O mundo carece de amor. O mundo esqueceu como se faz para amar. E aqui estou eu resistindo, buscando diferentes caminhos, novos e antigos para encontrar formas de levar amor em lugares que têm tantas barreiras que chega ser difícil ver o céu ou o horizonte.

Inúmeras vezes retrocedo para respirar, me reencontrar e, então, sigo novamente meu caminho na esperança de encontrar a brecha no muro para levar amor nestes lugares onde o amor foi esquecido. Faço, nessas horas, uma oração silenciosa: "Que eu me lembre de quem eu sou. Que meus ancestrais me acompanhem e que meus medos sejam impulsos para o amor que carrego dentro de mim. Que eu seja o clichê que o mundo precisa".

Paula Arrais

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Carta a quem sentir o ímpeto de ler

 Mais um ano, mais um retorno solar. Curiosamente, enquanto ciclos se movimentam para o encerramento dando espaço para inícios em minha vida, o mesmo acontece no céu. Nunca foi tão claro a frase "assim na terra como no céu". No meu caso, assuntos de família, carreira, comunicação e trânsitos tem sido altamente revisados, ressignificados e reconstruídos. Com uma renovação ambas literal e metafórica do meu coração, neste mercúrio retrógrado que veio trabalhando a mesma energia do ciclo de encerramento de plutão, pude observar como este movimento de mudança vem acontecendo em minha própria vida e acolhê-lo com amor.

Costumo dizer que sou casada comigo desde que nasci. Faço hoje 34 anos e curiosamente, as bodas de 34 levam o símbolo da Oliveira. Como leitora ávida do simbólico, não poderia deixar de trazer aqui o que isso representa: Perseverança, pois ao ser cortada ou queimada, a oliveira brota a partir das raízes. Hoje faz literalmente 2 semanas que passei pela cirurgia de ablação no coração. Eu fui literalmente cortada e queimada e pela primeira vez me senti com uma disposição que não me lembro ter tido em toda a minha vida. Me sinto mais conectada, também, com as minhas raízes.

Aos poucos vou renascendo e brotando, cada vez mais forte e consciente do meu lugar no mundo. Minha voz vai tomando espaço e meu abraço mais genuíno. Que neste ano eu possa levar toda a paz, tranquilidade, harmonia e perseverança que a Oliveira representa a todos que cruzarem meu caminho.

Gratidão a todos que já fazem parte do meu caminho e que me dão o amor que eu preciso para que eu possa espalhá-lo à minha volta.

Com amor,
Paula Arrais

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Somos todos humanos

O mundo precisa de amor, pessoas precisam de amor. Onde há ódio há pedido de socorro, pedido de ser amado, de ser escutado, de ser visto, respeitado. Vi mudanças surpreendentes com o simples ato de amar. Vi feras se tornarem dóceis, vi olhares sanguinários se tornarem carinhosos. 

É tão absurdo pensar que todos os atos costumam ter um sentido por trás. Alguns atos, pensamentos e movimentos parecem tão desconectos que fica difícil encontrar o sentido. Mas se a gente vasculha a gente encontra. Esse sempre foi um dos maiores desafios pra mim: deixar de vasculhar. Como condenar alguém pelo seu sofrimento? Como ignorar a dor de uma pessoa?

Não se trata do motivo em si, mas de entender o que está por trás do motivo. Qual é a dor que me move? Qual é a dor que te move? O que temos em comum? O que nos instiga a fazer uma escolha em detrimento da outra?

No final das contas,  por mais que viver em sociedade faça com que todo ato seja político, nada é político, porque somos humanos. E como humanos, todo ato é pessoal. Então, eu pergunto de novo: qual a sua dor pessoal que te move em direção a um ato (qualquer que seja ele) escolhido?

Ignorar essa dor é se manter no caminho da intolerância. E por mais que aquele velho ditado diga apenas que ficaremos cegos, ouso alterar o ditado: Olho por olho e sangraremos até a morte... a verdade é que mesmo que nem todas as pessoas fiquem cegas não haverá pessoas suficientes para socorrer.

Olhemos ao redor: relações familiares e de amigos acabando por causa de política; consultórios, clínicas e hospitais lotados. Termos médicos, psiquiátricos, psicológicos e tantas outras áreas da saúde  surgindo a cada respiração que damos.

O mundo precisa de cura. Nós, humanos, precisamos de cura. E a cura está no amor, no respeito ao próximo, na tolerância, no olhar para nossas próprias feridas. Que possamos olhar para dentro de nós mesmos e do outro e lembrar que somos todos humanos. 


Paula Arrais

Carta a Amandinha

E hoje é seu dia e venho pensando em nós por muito tempo. Fiquei rindo: é seu diz e vou falar de nós? Sim, porque eu sei que amar é se mistu...