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Sabedoria.

Sou reservada em alguns aspectos, mas sejamos sinceros aqui: alguém já conheceu alguém que canta, dança e interpreta não querer se mostrar? Sou narcísica e não sou. Para variar uma contradição. E é o meu lado narcísico que vem lhes contar minha descoberta. Os sábios não fantasiam. Esteve sempre ali, na minha frente, mas nunca em toda a minha vida havia me tocado disso. Dá até aquela vergonha de admitir que não se sabia. Mas não dizem que quando não se sabe é quando começa a saber? Pois hoje eu torço para que eu tenha começado a descobrir a parte que não percebia. Quero ser sábia sim! Mas para ser sábio é necessário coragem para admitir os erros, humildade para aprender, mesmo quando achava que sabia e paixão para jogar a cara no mundo, nas pessoas, nos sentimentos, nos estudos e nas teorias. Meus mestres são por completo diferentes e estravagantes. Alguns não existem, a não ser no papel. Outros existem, mas não falam comigo. Outros ainda existem, falam comigo e não se dão conta de quem são para mim. Outros sabem exatamente que estão ali para me ajudar a amadurecer. Outros tantos são meus eu líricos, desconhecidos ou não, que se põem a me fazer perceber quando saio do meu caminho. Se sou louca? Talvez, ainda não me decidi quanto a isso. Às vezes sim, às vezes não. A linha entre a loucura e a lucidez é mínima, invisível, irresistível.
Paula Cristina.

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