quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Esquecer

As moedas pesavam em seu bolso, mas insistiu no caminhar calmo e desestimulante. Os olhos eram todos nela, a mente insistia em esquecer tudo que se passara algumas poucas horas atrás. Doía pensar na infidelidade que a acometera como uma dor de dente quando apossa da boca cariada. As lágrimas insistiam em cair, os nós dos dedos ensanguentados de raiva, dor, insanidade. Gritou tanto que os músculos da garganta pareciam ter saído do lugar e começar uma luta pessoal contra as paredes que as prendiam àquele corpo. Jogou o cigarro no ralo, não servia de muito naquele momento. Ao invés, pegou a belladonna e passou nos olhos quantidade suficiente para ficar cega por algum momento indefinido e esquecer do que viu, do que sentiu de toda a dor que causava dores musculares além da conta. Tomou um comprimido para a dor que a pertubava e entrou em transe para esquecer de si, do mundo, dele. Esquecer. Esquecer. Esquecer.
Paula Cristina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carta a Amandinha

E hoje é seu dia e venho pensando em nós por muito tempo. Fiquei rindo: é seu diz e vou falar de nós? Sim, porque eu sei que amar é se mistu...