segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Minha alma de artista

De tudo que vivi, de tudo que passei, a coisa mais linda que fica em mim é a minha própria alma. Essa alma que vive, que reza, sorri e chora tem sua própria forma de se dizer, de se fazer reconhecida no exterior da minha pessoa e essa forma é a arte. A música cantada, dançada, tocada, os textos interpretados ou escritos, todos com o mais profundo sentimento. É assim que a alma se expressa e quando outra alma sente e se emociona com a expressão da outra, é nessa hora que o mundo se torna ínfimo, bonito, transparente. Tudo parece ficar claro, calmo, óbvio: o mundo é lindo, o mundo é mágico. Vou e volto e nunca sei para onde irei daqui a algum tempo. Tenho tanta coisa para fazer, tanta coisa para conhecer que me perco em vontades e me esqueço da vontade da minha alma, esqueço que a vontade de minha alma é vontade do meu eu. Mas então, de alguma forma, o mundo se encarrega de me levar de volta àquilo que tanto amo, àquilo que às vezes me esqueço ser essencial em minha vida. As sapatilhas, as roupas soltas ao corpo, a bolsa enorme que cabe milhares de fantasias e milhares de quinquilharias que só um artista sabe guardar. A música começa tocar ao longe e tudo que eu tenho que fazer é subir no palco e deixar minha alma soltar do corpo e me carregar pelo palco. É isso que eu sou: artista. A música enche o teatro, as pessoas sentadas na platéia, o "nervosismo pré-apresentação", a apresentaçãoem si: as luzes altas te fazendo enchergar o palco e uns poucos metros além dele. Aquelas pessoas estão ali para me ver desnudar a alma, para ver seu ser refletido em meus olhos, em meus movimentos, em minhas respirações. Eu estou ali para fazerem-nas relaxar por alguns minutos e isso é lindo! A sensação de paz que se espalha após a apresentação, a saudade que o palco deixa, que os ensaios deixam. E assim eu vou, seguindo de um ensaio a outro, dando tudo de mim e deixando ir, mas sempre procurando um outro palco, uma outra platéia, uma outra música. E quando me afasto disso já não sou mais eu, mas alguém que faz o que esperam que faça. Eu adormeço por algum tempo. Acordei mais uma vez, finalmente. Por favor, não me tirem de mim. Por favor, que eu não me tire de mim.
Paula Cristina.

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