sábado, 20 de novembro de 2010

Palavras

É tão complicado a expressão do mundo em palavras. Elas são tão pequenas, tão insignificantes diante do sentimento que as contém e das diversas surpresas que o mundo pode nos oferecer. O que é uma palavra, senão a tentativa de expressão de algo muito maior, muito mais complexo e com a visão de um lado só. As pessoas esperam da palavra uma verdade absoluta, mas a palavra pertence a quem as pronunciou e essa pessoa não tem o conhecimento da verdade por inteira, apenas da alienada visão de mundo que têm, que aprendeu, que conheceu. Como fazer então? Além desse "mínimo" problema, existe outro: a palavra dita versus a palavra interpretada, versus a palavra lembrada. É tudo tão além do que pensamos saber, do que pensamos conhecer. De repente tudo fica confuso com tantas verdades partidas ao meio, quantas certezas com mais de um lado e quantas luzes no túnel apagadas por uma visão distorcida, por um tampão bloqueando (dos olhos) a entrada da luz... é preciso usar as palavras para reconstruir, mas se as palavras não são tão eficazes, nos final das contas tudo que nos resta é a reconstrução contínua, a simples verdade de que acabamos sempre em ruínas e a partir delas reconstruímos algo que se tornam ruínas e o círculo continua em um infinito imcompreendido, mas a certeza de que a palavra nunca será tão fiel quanto se acredita estará sempre lá. Porque a palavra é expressão da alma, de uma alma que nem sabe quem é e, portanto, a palavra se torna inacabada, perdida. Amo palavras, mas para mim elas se tornaram ruínas. Lindas, desejadas, admiradas, modelos para novas palavras, mas ainda assim ruínas perdidas no tempo, impossíveis de decifrar por completo. Mistério. Silêncio.
Paula Cristina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carta a Amandinha

E hoje é seu dia e venho pensando em nós por muito tempo. Fiquei rindo: é seu diz e vou falar de nós? Sim, porque eu sei que amar é se mistu...