sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sem direção

O carro virou a Quinta Avenida de alguma cidade qualquer. Não tinha noção de onde estava, só pretendia sumir daquele estado (a alguma horas atrás desligou o celular, pegou as roupas, os cds, os livros e seu caderno, checou se ainda tinha crédito suficiente no banco e pegou o carro. Sem direção que estava foi escolhendo as estradas e rodovias que pareciam mais bonitas e agradáveis). Deu em um cemitério todo iluminado, bonito de se ver. Ao lado do cemitério havia uma pequena capela, um pouco diferente das outras. Achou curioso o que viu (só podia ser o destino pregando alguma peça de mal gosto). Gravado, em cima da porta, haviam as seguintes palavras: "mate alguém em pensamento ao entrar, ore por essa pessoa aqui dentro e siga em frente ao sair". Era exatamente o que precisava fazer matá-la de uma vez. Pensou bem forte "você se foi e é passado para mim, você morreu". Manteve essas palavras em mente durante todo o percurso até a cadeira que escolheu sentar. Sentou e começou seu discurso interno: "Perdoe-me por tantas vezes que te fiz chorar (se é que fiz alguma vez realmente), eu perdoei você por todas as vezes pelas quais chorei por você e a culpei (no final das contas, minhas lágrimas foram expectativas minhas e não, de fato, falta de tato sua). Mas agora preciso ir embora, seguir em frente, porque você já não mais pode existir no meu mundo, não há espaço para você, mas o mesmo se aplica a você também e acho, que de uma forma ou de outra, já sabe disso. Não sei mais o que dizer, portanto, seja feliz, eu te amei muito, agora é apenas questão de saudade, carência." Levantou, olhou para os lados. Era estranho, de algumaforma se sentia melhor, mas não gostaria de ver que pessoas o viram fazendo isso, portanto saiu o mais rápido dali, garantindo que ninguém o tinha visto saindo dali. Ligou o carro, o som e se pôs a dirigir. Agora o peso desconfortável havia saído, sumido, como num passe de mágica. Escolheu o melhor hotel, e ficou ali, sabe-se lá quantos dias, perdeu as contas. Já não sabia o horário. No tempo certo, no seu tempo certo, voltaria para casa.
Paula Cristina.

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