quarta-feira, 18 de maio de 2011

Intimidade

A menina de vestido verde, sentada à mesa comendo pão e bebendo cerveja se divertia brincando com o cachorro. O chão frio segurava seu corpo que se movia constantemente para todos os lados possíveis. O homem a olhava enquanto fazia comida e correspondia os olhares da menina. O relógio tiquetateava calmamente, esperando o tempo chegar, esperando o tempo passar. A comida ficou pronta, o fogo apagou. A menina então, sentou ao lado do homem para comer. Olhava-o interessada, queria ver cada movimento, perceber cada momento e cada sentimento que perpassava por ele. Ele, muito ocupado com os talheres não percebeu o quanto ela o olhava. Os talheres foram finalmente postos de lado, ele a olhou e ela já era mulher novamente, o ar de menina travessa se escondeu por trás dos olhos que agora seduziam-no sem um pingo de escrúpulos. Não tinha medo e a intimidade que ia crescendo aos poucos preenchendo o vazio entre os dois aumentava e diminuia o espaço em branco que tanto queriam preencher. De fundo, o relógio insistia em tiquetatear, mas eles já não ouviam. Estavam em um tempo paralelo, encontraram-se na linha tênue dos tempo e do não-tempo e ficaram ali a trocar confissões com o olhar. Pela primeira vez aquele tipo de intimidade não a assustava, não a incomodava...


Paula Cristina.

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