Os homens debaixo daquelas capas escuras. Homens! Sim, homens! Nunca percebia e de repente "boom!"... a bomba sobre meus pés... meu medo era de homens, encapuzados, preconceituosos, desumanos, psicopatas, inconsequentes. Não tenho medo de coisas além, tenho medo do que estes homens se tornarão. Não tenho medo do desconhecido, mas da vida desconhecida destes homens. Não tenho medo do mundo, mas das atrocidades destes mesmos homens, que de tanto matar, brutalizar e incompreender trouxeram dor e horror ao mundo. Culpo um pouco demais os homens e coloco, sem querer, as mulheres como vítimas, mesmo que lá fundo, sei que essas perversidades são de ambos. São esses horrores que não me deixam pregar os olhos de noite, os horrores de histórias que poderiam acontecer pelo descuido e delinquência de tantos outros "humanos". E as capas escondem os rostos, representam o desconhecido, o horror, a escuridão de não enxergar nada além do tecido. Confesso ter medo de humanos. Tenho medo de minha própria raça, que de tanto desejo pelo poder e imortalidade esquecem que existem outros iguais, que vivem juntos e se ajudam. Me assusta a falta de respeito ao outro, o egoísmo exacerbado e a individualização doentia.
Ao descobrir que são homens, respiro fundo e enxergo o medo como um aliado que me alerta e me cuida tranquilamente para que eu possa fechar os olhos. Às vezes me esqueço que ele está ali para me proteger e então, nestes dias, eu não consigo pregar o olho. Tenho então, que achar meios para distrair minha cabeça tão imaginativa. Mas outros dias, deito no colo do medo e deixo que ele me nine e cuide dos meus sonhos para que meu sono seja pacífico e restaurador. E quando eu acordo, estou preparada para enfrentar os fantasmas que nós humanos criamos para nos manter vivos, fortes.
Paula Cristina.