Sentei no meio fio, os pés descalços, o lápis e o papel. Não sei desenhar, mas tentei, tentei e tentei, até que saiu um rabisco, meio xoxo, mas tudo que sei fazer (ainda). Esqueci da minha vontade de desenhar bem lá no fundo - sabe como é, falta de tempo, de vontade, de energia, de confiança - mas então, eis que assisto um filme lindo de morrer e a vontade volta. Após chorar litros por compreender e sentir toda a história, me colocar no lugar dos personagens (mesmo que minha história não tenha "bulhufas" a ver com a deles) sento em frente ao computador e me pego procurando fotos que eu poderia copiar; como incentivo, algo mais fácil, menos complexo, que me deixe sentir capaz, energizada e apaixonada pelos traços. Mas eu não paro tudo para desenhar, treinar, tentar. Paro para escrever sobre isso tudo, penso na música perfeita que cairia maravilhosamente bem em uma cena como esta, escolho os desenhos e, quem sabe - depois que eu terminar de me explicar para pessoas que provavelmente nunca terei o prazer ou desprazer de conhecer - eu paro alguns minutos da minha vida para tentar transcrever tudo que sinto em um desenho no papel. Não faz mal, com o tempo me acostumo a me manter focada, e nesse dia meu desenho será lindo, meu sorriso será doce e a arte estará completa: música, palavras, dança, teatro, desenho, cozinha, fotografia, design... tudo em um só ambiente. Mas cada coisa no seu tempo, cada coisa no seu tempo. Enquanto isso, a menina descalça senta na soleira de casa e vê o mundo passar, sentindo cada momento, respirando cada segundo...
Paula Cristina.