Ela entrou no quarto. Seu hobbe esvoançando com o vento que entrava pela janela. Olhou ao redor. Ninguém. Também, pudera, ele estava lá fora, a uma distância considerável da casa que um dia chamara de lar. Os móveis foram mudados de lugar. Ela não queria nada que lembrasse tudo que eles viveram, ainda doía, mesmo depois de 3 anos. Sentou calmamente em sua cama, tudo que lembrava ele, escondido dentro de uma caixa na parte mais difícil de se alcançar do armário. A única coisa que permanecia visível, era o presente que ele dera a ela, para que nas noites insones ou de terror ela agarrasse o bicho de pelúcia e lembrasse que ele estava lá. Que bastava apenas um telefonema e tudo se resolveria. Ela não quer esquecê-lo, por mais que diga que sim. Não quer, porque é bom saber que existe alguém que ama como ela sonhou ser amada. O bicho de pelúcia continua lá por isso. Ela evita tocar nele, ou precisar dele, até porque já faz anos que ela não pode recorrer a ele. Mas o bicho continua lá intacto e ela imagina o que poderia ter sido. Deixa lá com a esperança de que um dia olhará para ele e o sentimento não mais estará lá. E quando isso acontecer poderá ouvir músicas que já não ouve mais, comer comida chinesa, assistir filme de terror com alguém do lado, sair para sentar na praça e levar o cachorro para lhe fazer companhia, beber vodca com suco de uva, sentir certos cheiros de perfume, passar na porta da casa dele, entrar em um hotel específico... Ah, tantas lembranças para tão pouco tempo. Lembranças que ela evita, mas que às vezes se jogam em seus pensamentos como um turbilhão e então tudo volta, o sentimento, o sorriso e por final a lágrima. Dolorosa e sentida, a lágrima de tantos momentos perdidos. E em um sussurro ela tenta dizer eu te amo, mas sai tudo embaçado. Ele não está lá para ouvi-la.
Paula Cristina.
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