Uma cor, um quebra-cabeça, uma mola, um cobertor. Um sapato, um dinheiro, um sorriso, um desprezo. Um batom, um anel, um livro, uma dança. Das loucuras inflingidas, dos riscos gastos em papéis surrados, não se tem notícia: apenas fatos amordaçados e escondidos pelo tempo. A sinceridade inescrutável se desgasta com o tempo e tudo que se torna é silêncio disfarçado de barreira protetora. Se olham, se vêem, mas será mesmo que enchergam além? O sangue escorrendo pelo corpo da mulher amordaçam a idéia de proteção que se fez a tanto tempo. O que é a solidão quando se está em meio a tantas pessoas e o que é o sentir-se junto quando se está sozinho? Não seria pois um caso de sentir a si? Não seria o caso de amar a solidão e a socialização dos outros? Não seria também, ser um pouco egocêntrico, em um nível que não magoe o próximo? Não seria então uma contradição que se constrói todos os dias? O que leva um indivíduo a sentir a dor de um outro qualquer que nunca tinha conhecido, nem visto, nem ouvido até aquele dia? Será que estavam certos aqueles que ajudaram a passar aquele texto dizendo que somos anjos de uma asa só? Aprendemos a amar, porque essa é a única forma de preencher o vazio, seja lá o que ele for. Os mais desavisados perguntariam: "Porque então machucamos o próximo?" Porque pensamos ser senhores do mundo. Esquecemos dessa humanidade que nos permite chegar ao nosso sintoma. Somos humanos porque perdemos parte de nossa asa, estamos enfermos, aleijados, limitados. Mas isso não nos impede de nos tornar melhores e até mesmo sair desta ala hospitalar. Não seremos por completo curados, mas seremos sim, divinos. Senão deuses, ao menos anjos. Particularmente quereria ser um unicórnio alado. Gosto do perigo e do poder. Gosto mais, porque me permite lembrar de responsabilidades e me torna mais forte. Mas essa não é a questão. Nem sei se compreendo a questão, ou se até consigo passar as dúvidas que passam pela minha cabeça como um vendaval, levando tudo consigo. Não sei nem se este texto faz sentido. Quereria eu, agora, ter a sabedoria de Gandhi, de Sidarta, de Dumbledore, de Merlim, de Morgana, de Maria, de José, de Sabath e de tantos outros que, juntos, se tornaram parte de minha alma. Gostaria eu, de permanecer em pleno estado de paz, mas isso não me foi possível, AINDA. Sabedoria se adquire, amadurece. E de tanto sonhar, perdi a linha de raciocínio e termino o texto com palavras ao vento. Não faz mal, quem lê meus textos já se acostumou com meus repentes e desatinos. Hoje eles estão presentes mais uma vez.
Paula Cristina.