sábado, 7 de agosto de 2010

A noite

O cigarro ardia, pedindo ser consumido por mãos ageis, lábios fortes. Ela arriscava uma olhada ao isqueiro por tempo suficiente e esmagador. A água esperando para ser tomada, o remédio em cima da pia. Todos esperando a decisão final. Levou a água a boca, jogou o remédio no ralo da pia. Consumiu as 510ml de água, pegou o cigarro, aproveitou e levou o maço consigo, pegou o isqueiro, sentou na varanda. A lua estava linda, dourada, esperando para ser adorada. Os pensamentos passavam calmamente por sua cabeça. Nada triste, desesperado, nada tirava a paz, nada a arrancava daquele estado. Lembrou das dores, mas já não doíam, eram apenas lembranças. Cigarro, boca, cigarro, boca, lua. Cigarro, boca, cigarro, boca, sorriso, lua. E foi assim a noite inteira. Noturna, sempre fora noturna. Hoje não importava, hoje era apenas uma qualidade, um modo de vida. O sol ia surgindo no horizonte, levantou e com um sorriso em seu rosto pronunciou "Bom dia mundo". O café sairia daqui a alguns minutos, o cansasso não mais existia.
Paula Cristina.

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