A rosa vermelha vivia em um jardim só de rosas. O lírio apaixonou-se pela rosa e tentava sempre arrancá-la do jardim. A rosa, não aceitava, tinha criado raízes, aquele era seu jardim, seu lar. O lírio chorava noites e noites desesperado. A rosa, quando se sentia sozinha chamava o lírio para um jantar. O lírio, que não sentia que tinha casa ia, queria uma casa com a rosa. A rosa insistia que ficassem a se ver apenas nas épocas que sentia solitária, eles não dariam certo juntos, eram muito diferentes. O lírio insistia, chorava, pedia, sofria sozinho. A rosa não percebia a insistência, pois o lírio sofria sozinho, não deixava que vissem sua alma, sua dor. A rosa vermelha então se apaixonou por uma rosa branca e o lírio ficou solitário, doente, machucado, perdido. A rosa não soube disso. Em um dia nublado o lírio viu a rosa caída no chão, despedaçada. A rosa estava morta. O lírio em desespero guardou suas pétalas vermelhas e assim seguiu sua vida, sempre de luto, pois a rosa morrera. Passou anos sofrendo a mesmo dor, o mesmo luto. Mas o vento veio mais forte e desarrumou tudo em sua casa e as pétalas ficaram expostas. O vento não deixou que elas se escondessem mais uma vez, porque só assim o lírio perceberia que a rosa tinha morrido. Foram noites insones, em que as plantas vizinhas ouviam os gritos de dor e as lágrimas caindo de lírio. Um beija-flor tentou acalmar o lírio e de nada adiantou, outras flores tentaram viver com lírio, mas lírio só queria a rosa vermelha. Então um dia, um sábio dente-de-leão chegou ao jardim de lírio e conversou por dias com lírio, nada foi dito ao sábio sobre rosa vermelha. Todos preocupados querendo contar ao sábio, mas ele os interrompia e dizia que na hora certa lírio contaria a ele a sua dor. Lírio acordou um dia, recolheu todas as pétalas de rosa vermelha e bateu na porta da casa do sábio. "Preciso que me ajude com uma coisa. Tenho uma homenagem a prestar a uma pessoa muito especial, mas gostaria que fosse eterna, algo que dure por muito tempo." O sábio concordou em ajudar sem perguntar nada à lírio. Foram dias e dias e todos na cidade curiosos com o que lírio estava fazendo na praça em frente à sua casa. Chegado o dia de descobrir o que lírio armava durante todo esse tempo, todas as flores saíram no jardim e viram uma estátua enorme de rosa vermelha com um pano cobrindo suas raízes. Lírio subiu em um palco improvizado e fez uma homenagem à rosa vermelha e descobriu suas raízes onde tinha gravado as seguintes palavras: "Você procurou alguém que a amasse, eu te amei. Você morreu a anos atrás, mas só hoje morreu dentro de mim. Você me contou sobre superação. Hoje eu superei o passado e minha dores. Quem sabe um dia possamos ficar juntos, mas não hoje. Tenho muito a viver ainda. Eu te amo." Não se sabe ao certo o que aconteceu com lírio, tudo que se sabe é que se mudou para um jardim à beira de um rio e foi muito feliz.
Paula Cristina.
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