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A vida é uma busca da beleza e a arte acaba com a solidão.... - trecho um pouco modificado de Marlena De Blasi

Correu até não poder mais, até as pernas arderem. Tomou um banho, escreveu mais um texto revelador, cheio de vontade de viver, de ser real, deitou na cama e dormiu. Acordou na mesma posição, calmamente levantou, lavou o rosto, escovou os dentes, tomou café, escovou os dentes de novo. Vestiu uma roupa, a primeira que viu no guarda roupas, calçou o tênis, passou perfume, pegou um brinco, uma pulseira, um colar, um anel. No carro a música a animava , a medalinha em sua bolsa ficou aparente e ela então se lembrou de como costumava ficar e percebeu que mesmo não sendo a tempos atrás, parecia que era. Sorriu e deixou a medalinha ali, à vista. A medalinha já não era uma coisa que a lembrava da guerra que travava todos os dias consigo, era algo que a lembrava de como foi um dia difícil chegar ali e como agora ela estava bem. O esforço valeu, as lágrimas serviram de crescimento e o sorriso era tudo que tinha e que agora ocupava o lugar da dor que antes reinava. Ao seu lado, hahaiah sorria um sorriso calmo, um sorriso lindo e apesar de ter tanto para contar de sua felicidade, tudo que consiguiu dizer foi "Bom dia, meu anjo querido."
Paula Cristina.

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Ao léu

A noite escura, os passos largos, o banco da praça escondido pelas sombras, a cerveja numa mão, o cigarro na outra. Soltou o cabelo, a medalinha na mão. Riu de si e de seus meros surtos, aqueles tão antigos que nem se lembra quando foi a última vez que os deixou se apoderarem. Fechou os olhos e recitou, utilizando toda a energia restante, aquele poema tão antigo quanto sempre soubera. Enquanto recitava bebericava da garrafa de cerveja, sentindo o líquido escorrer pela garganta, leve, solto, ondulante. Cansou do cigarro, mas deixou-o ali, queimando, apenas para sentir o cheiro da fumaça dançando sobre seu corpo. Lembrou daquela canção que cantava quando estava feliz, riu-se. Onde já se viu: triste, lembrar de momentos felizes. Não fazia um pingo de sentido, mas mais uma vez, nunca fez sentido, nem mesmo para si. Assistiu a morte chegando devagar e impossibilitando um gato na rua. Não moveu um músculo, não se importava, pelo menos não hoje. Fuzilou a noite com um olhar avassalador. Quem

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