Quando percebeu a realidade pesada que atingiu seu mundo particular, o ar fugiu dos pulmões, não sentia nada, não podia dizer nada. Viu o mundo desabar diante de seus olhos com tanta dor, com tanto peso de consciência. Será que era tão cruel assim? Será que seria percebida daquela forma também? Viu seus piores temores surgirem de seu mais íntimo: seria um monstro disfarçado de donzela? Um tubarão disfarçado de sereia? Doía tanto pensar assim. Não queria magoar ninguém. Principalmente ela. Era como se tivesse escolhido colocar uma barreira dura, pesada, impossível de tirar. Nunca seria a mesma coisa. Tornara-se imoral no pior sentido. Sabia que sempre fora imoral, mas dessa vez passara dos limites, inclusive para si. Como doía pensar que era a pessoa mais sem coração que poderia existir. Com doía pensar que causava tantos estragos quanto um tornado nº4. Era uma aberração dos próprios princípios, porque viveu tendo princípios, mas sempre quebrando-os em pedaços simples, pequenos, irrelevantes. Tornara-se uma lástima emocional, um ser humano desprezível, alguém sem sentimentos, sem importância, sem força, covarde, baixa. Não importava. Perdera-se em si mesma.
Paula Cristina.
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