domingo, 6 de março de 2011

Só mais um dia sem medo era tudo que pedia...

Sempre aquela sensação de estar incomodando. Mandava uma carta, mas logo vinha a desconfiança de entrar no espaço alheio. Ligava e ali, bem na esquina o sentimento de importunação, de que não queriam aquela ligação. Chamava para sair e a impressão que tinha até ele chegar é de estar forçando entrada no mundo dele e, por consequência, ele iria embora um dia cansado de tanta bajulação, de tanta procura, de tanta insistência. Mas o que fazer? A saudade era mais forte, não dava tempo nem dele respirar e lá estava ela ligando de novo. Não que fosse sempre, mas para ela, que nunca fazia isso, era muito, muito mesmo e o sentimento a preenchia como o ar preenche os pulmões. O medo de perdê-lo a aterrorizava e aquela sensação de "ligo, não ligo" pesava sobre seu coração. Não sabia ser meio termo, tinha que aprender. Mas porque aprender justo com ele? Ele, que permanecia ao seu lado e que era tão amado. Ele, justo ele, a fazia enlouquecer nos mínimos detalhes. Não sabia se ligava, se contava, se perguntava, se calava... Não sabia como agir ao lado dele, procurava ser como sempre, mas isso já não funcionava. O contrário também não funcionava e tinha que inventar um jeito totalmente novo para mantê-lo ao lado dela. E isso a desesperava, ela não sabia sorrir diferente, nem falar diferente e ele a amava por isso (será mesmo? Não sabia se acreditava nisso. Não tinha certeza, talvez por enlouquecer por completo pensava isso enquanto estavam separados). Como fazer tanta loucura simplesmente desaparecer durante i percurso? não sabia ser normal e ele não se importava com isso, ao contrário, compreendia muito bem, até bem demais às vezes. E mais uma vez ela parava de pé, em frente àquelas paisagens, a cerveja na mão, torcendo para que ele voltasse e a acalmasse contando que não iria embora. Só mais um dia sem medo era tudo que pedia.


Paula Cristina.

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