Sentei ao seu lado na mesa e aquilo era no mínimo constrangedor, mas era lindo também. Eu olhava pra você e tive certeza que era ali que eu queria estar. Podia morrer de vergonha, me embaraçar toda, parecer louca e passar a impressão errada (o que sou tão boa em fazer nos momentos menos oportunos), mas no final das contas eu estaria com você. No final das contas era só você. Saímos dali, conversamos, rimos, nos tornamos um pouco mais íntimos, um pouco mais próximos e minha sensação de certeza foi aumentando a medida que a noite sumia e deixava vestígios de uma madrugada silenciosa e pacífica. Você leu meus sentimentos, mudou meu humor, eu estava ali, indefesa, sem saber o que fazer, as lágrimas teimando em cair. Você me viu chorar silenciosamente, você viu meu mais fundo ser sem entender o que era ou porque era. E tudo que vinha na minha mente quando você me fazia perguntas era "estou apaixonada por você", mas nada saía como sempre. Esse meu medo de me abrir. Tenho coragem de pular de um penhasco, de ficar entre uma arma e um alvo, de enfrentar as coisas mais inimagináveis, mas tenho medo de que vejam meu ser calejado, cicatriza(n)do, sangra(n)do, deixando hemorragias internas. E você viu, como tantos outros. Mas dessa vez eu não queria fugir, não afastei, queria estar ali, abraçar, olhar nos seus olhos e dizer como doía, contar tudo de uma vez por todas e deixar que entrassem nesse meu mundo secreto que ninguém conhece, esse meu mundo secreto desabitado como uma ilha desconhecida. Dessa vez, só dessa vez eu fechei meus olhos e soube que eu não fugiria. Não mais. E torço para que você permaneça ao meu lado.
Paula Cristina.
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