O cheiro da chuva entra por seu corpo. Ela sabia que uma hora ou outra as gotas chegariam como um dilúvio. Lê mais uma vez a mensagem recebida. Quanto mais lê, menos faz parte dela e mais de sua história. Ela respira compassadamente até a vela se apagar por completo. Ela está pronta para enfrentar sua versão masculina. Abre a porta e vai de encontro a ele. Talvez fosse mais fácil se o espírito vingativo dele não fosse tão aguçado. Ele a encara por um breve instante, longo o bastante para deixá-la tonta de tanta excitação. Ele não sabe, mas ela espera por esse momento a vida inteira. E lá estavam eles, se mostrando cúmplices de seus erros mais comprometedores. Neste momento não houve palavras, eles eram espelhos refletidos um do outro. Ele, sempre deixando indagação. Ela, se forçando a não indagar. Mas dessa vez não teve escapatória. Foi então que ela soube: sua alma estava entregue a um vampiro.
Paula Cristina.
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