Confesso que já não sei mais. Não sei mais a cor dos seus olhos quando não eram mel, a cor dos lábios quando não tinha borras de batom, o toque da sua mão nos meus quadris. Confesso que a chuva já não é mais triste, nem o sol tão alegre e que quando fica nublado é divertido imaginar cenas de contos épicos cheios de mistérios. Confesso que minha revolta já não tem fundo, de tanta coisa borbulhando, mas confesso também que sei o que é meu, o que é seu e o que é do mundo. E por mais difícil que seja confessar, confesso também que não me arrependo dos pecados que cometi. Confesso que não acredito em pecado ou inferno. Acredito sim, na consequência e dela eu confesso derrotas e alegrias, mas acima de tudo, confesso que depois de tanto ódio, brigas e desilusões eu continuo tão inocente quanto poderia e tão amarga e consciente quanto gostaria de evitar. Confesso que tenho meus problemas.
Paula Cristina.
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