quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A última palavra do ano escrita em história

"O amor é conivente com a esperança porque conhece a fé que o faz alcançar."
Autor desconhecido


Com o tempo foi-se acostumando com as roupas mal lavadas, o cheiro de mofo, as paredes lascadas de sua própria alma. Já não acreditava que podia ser diferente, melhor. Passava todos os dias sonhando. Só sonhando, porque planos realizados são vida e vida era o que não se acreditava mais, a muito tempo. Olhou para o relógio marcando a mesma hora havia anos, não consertava, não jogava fora. "Deixe-o aí, é mais cômodo" pensava. E era mesmo. Só que não tinha mais graça a vida, até porque não era vida, mas morte antes da morte. Começou a mudar tudo de lugar, jogar fora o que lhe era inútil. Deu no que deu, tudo novo. Não gostou no começo, tinha que reacostumar com o lugar dos móveis, com tudo diferente. Percebeu então que aquilo a mudara, ela se encontrava viva novamente. O sentimento que pairava no ar, antes tão menosprezado e sem perspectiva trouxe a esperança de muito tempo atrás. Estava empoeirada dentro de um baú escondido no porão. Anos antes prometera jamais amar outra vez e com isso, a esperança foi aprisionada cruelmente. Hoje ela se libertava e cobria o vazio imensurável e a tristeza deixou. Foi só então que percebeu que alguém ajudara a construir, alguém que não voltará nunca mais e não saberá jamais.
Paula Cristina.

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