Pular para o conteúdo principal

Você não pode me escutar, mas mesmo assim eu conto

Seis anos se passaram desde que você se foi. O "Big" cresceu e está quase adulto. As festas de família continuam, assim como os terços, As dores do mundo são as mesmas daquela época, só mudam de nome e endereço. Continuo cantando e pretendo cantar para sempre, estou aprendendo violão e sei um pouquinho de nada. Sinto sua falta todos os dias, evito não pensar em você em tempos de crise, ainda machuca pensar na sua partida. Seu adeus foi tão repentino, não me deu tempo de processar a informação. Ainda me lembro das brincadeiras e da sua voz também. Eu cortei meu cabelo e acho que você amaria ver o resultado, agora deixei crescer de novo e ainda não tenho certeza se deixo assim ou corto mais uma vez, sua opinião nesse momento faria muita diferença. Continuo dançando como sempre dancei. A pequena Doc morreu, mas agora temos mais dois cachorros em casa, você iria amá-los. Gostaria de dizer que eu te amo, mas você não vai ouvir, então eu canto porque assim todo mundo ouve. Quisera eu que onde você está, tivesse algum meio de comunicação que não a oração, que ainda é um meio de uma mão só: você ouve, mas eu não recebo resposta. E enquanto não nos encontramos vou te mantendo informada com os pensamentos ativos em você. Meu sorriso se torna opaco, é difícil sorrir chorando.


Paula Cristina.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ao léu

A noite escura, os passos largos, o banco da praça escondido pelas sombras, a cerveja numa mão, o cigarro na outra. Soltou o cabelo, a medalinha na mão. Riu de si e de seus meros surtos, aqueles tão antigos que nem se lembra quando foi a última vez que os deixou se apoderarem. Fechou os olhos e recitou, utilizando toda a energia restante, aquele poema tão antigo quanto sempre soubera. Enquanto recitava bebericava da garrafa de cerveja, sentindo o líquido escorrer pela garganta, leve, solto, ondulante. Cansou do cigarro, mas deixou-o ali, queimando, apenas para sentir o cheiro da fumaça dançando sobre seu corpo. Lembrou daquela canção que cantava quando estava feliz, riu-se. Onde já se viu: triste, lembrar de momentos felizes. Não fazia um pingo de sentido, mas mais uma vez, nunca fez sentido, nem mesmo para si. Assistiu a morte chegando devagar e impossibilitando um gato na rua. Não moveu um músculo, não se importava, pelo menos não hoje. Fuzilou a noite com um olhar avassalador. Quem

A voz no telefone

O telefone tocou uma, duas, três vezes e do outro lado uma voz diferente, mas conhecida atendeu. Estava tão perdida em pensamentos e barulhos externos e internos que não conseguia raciocinar de quem era a voz. "Quer falar com quem?" - perguntou. Responde o nome da amiga. "Ela não está aqui agora, quem é?". "Mary Anne." a voz responde: "Mary Anne? Quando ela voltar, aviso que você ligou. É o Thomas quem está falando." Ela responde "Quem?", ele: "Thomas". Ficou sem reação. Ele sabia que era ela, tinha certeza agora. A pergunta foi mais uma forma para dizer quem falava. O coração bateu acelerado. Será que era ele mesmo? Existem tantos Thomas no mundo. Mas não, devia ser ele! Só podia ser ele! Desligou o telefone, ainda sem reação. O sorriso se alargou na face. Que saudade. Que saudade. Paula Cristina.

Clichê

Como não acreditar em clichês, quando eu sou fruto dele? Filha do amor, isso é tudo que eu posso me tornar. Não adianta tentar esconder ou fugir da verdade nefasta que sou. Quanto mais fujo do amor, mais eu me perco de mim mesma. É curioso como algumas pessoas entendem o amor como algo sério, duro e difícil. E talvez seja se você busca esse amor como uma forma de garantia de sua felicidade. A questão é que o amor não é garantia de felicidade. O amor é um ato que nasce do servir. Mas não o servir capitalista de fazer algo para receber em troca. Este ato de servir deve ser puro, sem segundas intenções. Você intui a importância de uma ação e age servindo, entregando seu melhor, porque é necessário. Muitas vezes o amor é confundido com sentimento, porque junto da intuição e da ação vem uma paz e uma alegria, que misturadas, trazem um sentimento inexplicável que para cada pessoa terá uma cor, um cheiro, uma sensação e uma lembrança diferentes, que combinados trazem emoções e sentimentos à t