Sempre os olhares, sempre as paixões. Acordou cansada da viajem, passou o dia em claro, tentando sobreviver ao marasmo de solidão. Ligou o computador, tentou se conectar com o mundo, mas tudo parecia adormecido, sonolento. Ficou ali, pensando no próximo passo, no próximo dia que a tirariam dali, daquele marasmo. O telefone toca, o sorriso ilumina o rosto. Quantas vezes pensou que já não se importava mais e novamente vinha a voz dele mostrar que continuava a mesma coisa. Se enfurnou no quarto, trocou o pijama de seda por uma roupa confortável, arrumou os cabelos (não que precisasse de ajuste, curtos, bem tratados, não tinha nada pra fazer, mas arrumá-los acalmava a ansiedade que batia só em pensar que mais uma vez era solicitada por quem ela pensou que já não importava), calçou as sandálias e saiu noite afora querendo algo mais e pensando não ter nada além de uma mera companhia. Não foi isso que ele disse? Juntar o pessoal, sentar e conversar (conversar... eu sempre caio nessa, mesmo quando acho que não). Horas de conversa, cerveja e olhares, até que não deu mais. Tudo milimetricamente programado (sim, conspirações). Não que ela se importava, na verdade esperava por um desfecho diferente, talvez tenha sido até isso que fez mudar. Ela provoca quando quer, mas nunca se percebe fazendo. Freud provavelmente explicaria isso melhor, mas não é isso que se quer retratar, não é o que ela faz, é o que ela sente. Ela sentiu tudo voltar. E mais uma vez, os quatro anos querem se tornar cinco, seis, mil, até que se canse. Mas ela confessa secretamente que espera não cansar.
Paula Cristina.
Comentários
Postar um comentário