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Minha terra do nunca.

Não sei amadurecer. Confeço ser por completo criança. Sou birrenta, mimada, osso duro, teimosa. Se não consigo, finjo conseguir e de tanto finjir, consigo. Não há uma alma viva que me faça mudar de idéia. Mudo porque quero, quando acho necessário. Escrever faz parte da minha parte perdida, verde, que insiste permanecer infantil. Não sei escrever de outra forma, a forma que escrevo é extensão de mim. Nunca compreendi pessoas que escrevem coisas que não são pessoais. Tudo que se é, se pensa, se age, é próprio, pessoal, infindável para ser colocado em palavras distantes, impessoais. Porque fugir de si, quando dizem que permanecer em si é forma de amadurecer? Eu infelizmente, nunca entendi, como funciona isso. Para mim, permanecer em si, é como ter o egocentrismo aflorado, é a forma mais linda de se infantilizar. As pessoas fogem de si, porque querem continuar crianças, eu permaneço em mim, porque quero eternizar criança. Amo não ser madura, é parte da graça de ser humano. Sou por completo criança e furtivamente adulta. Ai de quem tentar roubar isso de mim.
Paula Cristina.

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