O medo é sempre das coisas que não são, dizem por aí: "se não é, pode ser algum dia". E que saber? Pode mesmo, pode vir a ser com o maior dos encantos ou o maior dos desencantos, mas não muda o fato de que tudo é e não é ao mesmo tempo. Fazem tanta tragédia do medo que chego a rir. O medo aparece a mim todos os dias e eu o escuto ou não. A primeira vez que apareceu para mim, se mostrou pequeno, de mãos ágeis e sorriso malicioso, não tinha corpo, era vazio imensurável e sugava tudo a minha volta. Hoje ele é grande, escuro, de sorriso estridente, continua sem corpo, vazio imensurável, mas não suga, respeita. Espera que eu o ouça e que eu dê a sentença. Hoje eu invoco o medo como um aliado. Saber o que pode ser e, portanto, o que pode não ser também. O medo é meu companheiro.
Paula Cristina.
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