segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Psiquê

O labirinto mais bem elaborado teve nome, era mortal e virou imortal. Zeus programou essa reviravolta e Afrodite teve que ceder. Psiquê: essa subjetividade tão condensada e tão líquida diante dos julgamentos mais injustos a ela empregada. Não há nesse mundo ou em outro quem a consiga compreender por completo, tamanha é sua imensidão, tamanha é sua beleza. Não penses que digo apenas do mito. O mito é apenas uma forma de mostrar, de falar, de admirar Psiquê. Na verdade é uma desculpa esfarrapada para descrever sua formosura. A Psiquê tem seus altos e baixos, é senhora dos loucos e dos lúcidos também. É senhora de todos os sentimentos, sejam eles bons ou ruins no seu vocabulário. Para ela, não existe oposição e sim diferenciação, autenticidade. Psiquê é a forma mais feia do que de mais grotesco temos. É também a forma mais bela do que temos de mais sublime. É id, é ego, é superego juntos. É a combinação de mulengro e de centro. É vilão, é mocinho, é a treva e a luz, caçador e vítima, flecha do cupido e coração acertado. Psiquê é um estado, é um ser não sendo, é o espelho refletido de seu reflexo na água. É a mais bela complicação, a mais doce, a mais meiga, a mais venenosa e a mais atraente. Jamais Afrodite encontrará deusa tão rara e única como Psiquê e, portanto, é sua única inimiga.
Paula Cristina.

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