"Paixão atrai paixão e te penetra quando você dá espaço. Pense em uma atividade que te faz feliz... então esqueça do amor e vá fazê-la. Quando você se apaixona pela vida, a vida te manda um amor!"
O que mais gosta de fazer: cantar, dançar, escrever, ler e se declarar culpada, amante, amiga, surtada. É se pôr no mundo que a faz feliz. Foi aí que começou a divagar em como tem amigos preciosos! Um em particular a fez sentar aquele dia e passar horas lembrando, apenas lembrando e isso a fez sorrir.
BRASIL - 2004
Não, eu não quero ir! - disse ela em desespero. - Ele espera que eu faça alguma coisa, o beije ou coisa parecida e eu definitivamente não farei isso! - olhou de cara feia para a amiga, não acreditava no que estava acontecendo.
Não vai ser tão mal assim - disse a amiga - eu vou estar lá, vou levar um amigo, caso aconteça de eu ficar de vela....
Você não vai ficar de vela. - disse ela realmente exasperada agora. Mas mal acabara a frase a camapinha tocou - Não tem mais volta, eles chegaram.
Dois caras entraram pela porta entreaberta. Ela observou o loiro, achava algo de familiar em seu rosto, uma quietude. Sentiu um ímpeto enorme de abraçá-lo como amigo. Não o fez, seria desconcertante. Tomaram o rumo da lanchonete e ficaram horas conversando e rindo. Não beijou o carinha moreno, tinha mais com que se preocupar. Decidira durante a conversa que definitivamente gostaria de se tornar amiga do loiro, mas sentia-se impossibilitada de fazê-lo. Desistir seria melhor agora, sempre foi melhor quando se tratava dela.
2005
Sentou na mesa. Era sempre assim, sair com a amiga significava sentar-se sozinha à mesa e ficar a almoçar conversando com as paredes. A amiga tinha amigos demais e não parava quieta um segundo sequer para respirar, era sempre o centro das atenções. Não percebeu que do outro lado do salão lotado um loiro a observava e surpreendeu-se quando o percebeu ao lado de sua mesa perguntando se poderia sentar.
Você se lembra de mim? Lanchamos juntos ano passado. Percebi que você estava sozinha e resolvi te fazer companhia, se importa? - Claro que ela não se importava, não acreditava no que estava ouvindo, seu sonho de se tornarem amigos estava começando a querer dar certo.
Não, claro que não, sente-se. - Conversaram por um tempo. Como ele era impressionantemente querido.
Passados os anos continuaram se falando, trocaram telefones e muitas histórias os colocaram interligados. Histórias tristes, felizes, dramáticas, tinha de tudo. Eram confidentes. Ela chegou a ouvir dele que eram como irmãos, iguais. Sentia-se imprevisivelmente feliz sempre que ouvia isso. Ela podia dizer finalmente que eram amigos. Ela e o loiro sentado a sua frente na mesa de lanchonete.
2010
Continuaram amigos. Ele jamais soube a importância de sua amizade, por mais que ela dissesse que o amasse. Não soube, não por falta de expressões, mas porque ela nunca contou que para ela, ele era o loiro sentado a sua frente na mesa da lanchonete. Voltou a realidade com mais uma lembrança guardada em sua caixinha de felicidades de sua cabeça: todos reclamavam de não ser tratados com carinho por ele. Ela nunca teve esse problema. Foi quando ela finalmente se tocou que a amizade com o loiro sentado a sua frente na mesa de lanchonete jamais acabaria. Riu de si mesma. Ele é uma parte de algo que a faz feliz. E ela o ama por isso.
Paula Cristina.